A ejaculação precoce (EP) é o distúrbio sexual masculino mais comum, a qual afeta homens em todas as idades;
Segundo o DSM-5 (manual diagnóstico e estatístico de transtorno mentais) a EP é definida como um padrão persistente ou recorrente de ejaculação que ocorre durante a atividade sexual em parceria em aproximadamente 1 minuto após a penetração vaginal e antes que o indivíduo deseje.
Apesar da definição do DSM-5 incluir a definição aproximada de 1 minuto para o tempo de latência ejaculatória (tempo entre a estimulação peniana e a ejaculação) o aspecto mais importante para o diagnóstico é o paciente relatar frustração ao não conseguir evitar a ejaculação logo após a estimulação sexual, mesmo não sabendo bem ao certo o tempo de latência ejaculatória.
Esse distúrbio pode ser dividido entre primário e adquirido. Sendo:
Primário: desde o início da atividade sexual do indivíduo.
Adquirido: desenvolve-se ao longo do tempo.
A prevalência varia de 4% a 77,6% na população masculina em geral devido as diferentes definições de EP.
Causas da Ejaculação Precoce
As causas da ejaculação precoce podem ser complexas e envolver uma combinação de fatores físicos e psicológicos. Por isso, é considerado um distúrbio biopsicológico.
Fatores Psicológicos:
- Ansiedade de desempenho: o medo de não satisfazer a parceira pode aumentar a ansiedade e contribuir para a EP.
- Experiências sexuais: algumas experiências sexuais iniciais ou condicionamento podem influenciar o padrão de resposta sexual.
- Problemas de Relacionamento: conflitos ou falta de comunicação com a parceira podem agravar a condição.
Fatores Biológicos:
- Níveis de serotonina: baixos níveis de serotonina no cérebro podem estar associados à EP.
- Hipersensibilidade peniana: uma sensibilidade aumentada do pênis pode contribuir para a ejaculação precoce.
- Distúrbios hormonais: alterações nos níveis hormonais, como níveis elevados de prolactina ou alterações na função da tireoide, podem ser fatores.
Diagnóstico da ejaculação precoce
O diagnóstico da ejaculação precoce (EP) é realizado por um médico, geralmente um urologista, que avaliará tanto os aspectos físicos quanto psicológicos do paciente. O processo de diagnóstico envolve várias etapas:
Anamnese (História Clínica)
O médico começará com uma entrevista detalhada para entender a história sexual e médica do paciente. As perguntas podem incluir:
- Duração da ejaculação: qual é o tempo entre o início da penetração e a ejaculação?
- Frequência: a ejaculação precoce ocorre em todas as relações sexuais ou apenas em determinadas situações?
- Início dos sintomas: a EP foi um problema ao longo de toda a vida sexual (EP primária) ou começou após um período de funcionamento sexual normal (EP secundária)?
- Impacto: como a EP está afetando a vida do paciente, incluindo autoestima, relacionamentos e satisfação sexual?
- Histórico médico: existem outras condições de saúde, como disfunção erétil, doenças neurológicas ou desequilíbrios hormonais?
- Histórico psicológico: Existem fatores psicológicos, como ansiedade, estresse ou depressão, que podem estar contribuindo para a EP?
Exame Físico
Um exame físico pode ser realizado para avaliar a saúde geral do paciente e procurar sinais de condições médicas que possam estar associadas à EP. O médico examinará os genitais para verificar a existência de possíveis causas físicas, como infecções ou problemas anatômicos.
Exames Complementares
Embora nem sempre sejam necessários, alguns exames podem ser solicitados para excluir outras condições que possam estar contribuindo para a ejaculação precoce:
- Exames de sangue: podem ser feitos para verificar os níveis hormonais, como testosterona, e para identificar outras condições médicas como diabetes ou problemas na tireoide.
- Testes neurológicos: se houver suspeita de uma condição neurológica, testes específicos podem ser realizados para avaliar a função nervosa.
Avaliação Psicológica
Em muitos casos, fatores psicológicos desempenham um papel significativo na EP. O médico pode recomendar uma avaliação com um psicólogo ou terapeuta sexual para explorar questões emocionais, como ansiedade de desempenho, traumas passados ou problemas de relacionamento que possam estar contribuindo para a condição.
Critérios de Diagnóstico
A EP é geralmente diagnosticada com base em alguns critérios:
- Tempo de ejaculação: ejaculação que ocorre regularmente dentro de um minuto após a penetração vaginal.
- Falta de controle: dificuldade persistente em retardar a ejaculação durante a relação sexual.
- Angústia e frustração: o paciente e/ou parceira experimenta angústia ou frustração em relação à rápida ejaculação.
Tratamento da Ejaculação Precoce
O tratamento da ejaculação precoce é variado e depende das causas subjacentes e da gravidade do problema:
- Terapia Comportamental
Técnicas de Controle: métodos como a técnica de “parar e começar” e a técnica de compressão ajudam a controlar o reflexo ejaculatório.
Terapia psicossocial: o auxílio de um psicólogo pode ajudar a lidar com os aspectos psicológicos e de relacionamento. - Medicações
Dapoxetina (30-60 mg): medicamento utilizado sob demanda (1-2 h antes do sexo). Pode ser associado com tadalafila (IPDE-5) apresentando bons resultados em comparação a utilizar isoladamente.
Anestésicos tópicos: cremes ou sprays que reduzem a sensibilidade do pênis podem ser aplicados antes da atividade sexual.
Opções: spray de lidocaína (150 mg/ ml) e prilocaína (50 mg/ ml).
São aplicados na região glandar. Geralmente, 5 minutos antes da relação sexual.
Medicamentos utilizados de forma off-label:
ISRS: paroxetina, sertralina.
Opióide: tramadol. - Tratamentos alternativos:
Terapias Complementares: Algumas práticas, como meditação e exercícios de Kegel, podem ajudar a melhorar o controle.
Mudanças no Estilo de Vida: Redução de estresse, exercícios físicos regulares e evitar o consumo excessivo de álcool e pornografia podem ajudar.
Prognóstico e Considerações Finais
A ejaculação precoce, embora comum, é uma condição tratável. Com o diagnóstico e tratamento adequados, muitos homens conseguem melhorar o controle ejaculatório e reduzir o impacto da EP em suas vidas. A comunicação aberta com a parceira e a busca de ajuda profissional são passos importantes para a superação dessa condição.